segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Reportagem

Seu lixo agora pode ser fonte de energia elétrica

Tema:Ecologia
Autor: Chris Bueno
Data: 26/8/2008


A maior parte dos problemas causados pelo lixo pode ser resolvida com sua conversão em energia. E a energia, hoje tão cara e sob a ameaça de escassear num futuro bem próximo, poderia ter uma fonte de abastecimento inesgotável – e ecologicamente correta.

A energia via lixo pode iluminar casas, ativar indústrias e mover carros. Suas vantagens são muitas. Ecologicamente falando, haveria a diminuição dos aterros sanitários e lixões, menor produção de gases poluentes, menos riscos ao meio ambiente e uma fonte mais de energia limpa e renovável.

No lado social, essa técnica promoveria menos riscos à saúde humana (causados pelos lixões e aterros, pelos gases poluentes que produzem e pela poluição em geral), geraria mais empregos (nos postos de coletas, nos postos de reciclagem e nas usinas), e forneceria energia mais barata.

Isso também se refletiria positivamente na economia, não apenas com o corte de gastos que esta fonte de energia traria, mas com os recursos que captaria. O aproveitamento de resíduos é considerado uma alternativa viável para substituir combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás), sendo uma boa opção para a redução da emissão de gases poluentes que provocam o efeito estufa.

Com a venda de créditos de carbono, o Brasil poderia vir a arrecadar cerca de U$100 milhões por ano com essa alternativa, de acordo com pesquisadores do Instituto Virtual Internacional de Mudanças Climáticas (IVIG).

Economia

No Brasil, investir no desenvolvimento e na larga utilização deste tipo de energia traria inúmeros benefícios. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o Brasil produz cerca de 150 mil toneladas de lixo por dia.

A maior parte desses resíduos (aproximadamente 60%) tem seu destino em lixões, aterros sanitários irregulares, leitos de rio ou ainda queima a céu aberto.

Se o país transformasse seu lixo em energia, conseguiria implantar cerca de 750 usinas, que forneceriam energia para aproximadamente 22,5 milhões de habitantes - cada 200 toneladas por dia do lixo doméstico orgânico permitiriam a implantação de uma Usina Termelétrica com a potência de três Megawatts, capaz de atender uma população de 30 mil habitantes.

Contudo, o potencial brasileiro para transformar lixo em energia permanece subutilizado – quase nada dos resíduos brasileiros é utilizado para gerar energia. O dado se torna ainda mais preocupante em um país que recentemente passou por um racionamento de energia e ainda vive sob o fantasma do apagão (nome dado à crise energética enfrentada pelo país nos anos 2001 e 2002) e cujo consumo de energia vem crescendo ano a ano.

Nos países europeus, nos Estados Unidos e no Japão, gerar energia a partir do lixo é uma realidade desde os anos 1980. Esses países processam 130 milhões de toneladas de lixo, gerando energia elétrica e térmica em 650 instalações.

Somente a União Européia extrai mais de 10 mil MW de cerca de 60 milhões de toneladas de lixo por ano em 400 usinas, que são capazes de produzir eletricidade para atender 27 milhões de pessoas (o equivalente a soma da população da Dinamarca, da Finlândia e da Holanda).

Calcula-se que esse mercado movimente cerca de 9 milhões de euros nos 15 principais países da União Européia. Na América do Norte, existem hoje mais de 1.700 usinas de geração elétrica em funcionamento, aplicando cerca de 100 tecnologias diferentes.

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